Pensamentos

Preto e Branco
Na infinita busca pelo óbvio, começa-se a objetificar a ausência sentimental, a qual batalha-se desde o cárcere. Suas circunstancias são inconscientemente normais quando presas ao grande julgador. Materializa-se a vida e suas normalidades, carecendo de profundidade e completude.
Listas de realizações nada mais são do que pontos que se ligam ao abissal incompreensível da alma e, se a alma de fato existisse, não seríamos compensados por tão pouco.
O carnal fisga e conduz do próximo objetivo plastificado e intangível até o pleno estado vívido da grotesca realidade, assim como a epopeia narrada se faz cada vez mais muda e aflitiva.
A compreensão não é alcançada por usuais questionadores cegos e desprovidos da intensidade da qual vislumbram utopicamente.
Por aqui tudo é impérvio e monocromático.

O gradual é essencial à graduação.
O turvo e crítico olhar ao espelho se esvai de forma majestosa. E isto é bom.
Do passado, furto o conhecimento. Do hoje e futuro, semeio o amor e a sua complexa infinitude.
O que posso fazer se sou um homem moderno e obsoleto, simultaneamente?
Afinal, o gradual é essencial à graduação.

Um brio ausente
É como se nenhum ato pudesse ser categoricamente ditoso.
É como se a falta do sentir, por um momento, fosse mais volumosa que o tubilhão emocional de sempre.
É como se o insopitável lacrimejar não fosse capaz de expurgar o infortúnio.
É como se as trevas ocupassem mais espaços do que a luz fosse capaz de penetrar.
É como um coração, que bate freneticamente, quando preferiria-se que cessace perpetuamente.
Será que a salvação novamente virá de uma sonoridade singular e prosaica?
A ruína é usual, fugaz e inolvidável.

À sete palmos
Em certos momentos, decidimos mergulhar de cabeça em algo. Mesmo sem saber a profundidade da água e temperatura na qual adentramos.
Mas como poderíamos saber?
A incerteza e expectativa fazem parte do grande jogo.
O olhar bondoso e inocente consigo mesmo nos mostra o quão dependentes de acalento nós somos. O reconforto atencioso é intrínseco ao nosso tipo. Somos moldados pela e para a bajulação.
A vida, na verdade, começa à sete palmos acima do solo e se esvai ao tocá-lo com os pés nus. É preciso um esqueleto forte para suportar o peso do incessante cardíaco pensar.
Sou apenas um menino. Nasci da carne e dela possivelmente viverei.